Leia-me antes de passar à diante. =D

--> --> --> Caro leitor, este blog existe desde 2007 e tem muitos textos de diferentes etapas da minha vida. Muitos tem um fundo meio melancólico mas não os quis apagar. Aproveite e dê a sua opinião ao fim. Obrigado pela visita. (o autor) <-- <-- <--


sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Aposto explicativo

Mais uma vez aquele velho adjetivo me persegue. Tento fugir, mas meu objeto continua direto, concreto e decidido a se manifestar toda vez em que me deparo com aquele sujeito que tenta ser oculto, mas se mostra indeterminado. Em meio a frases em que pontos e vírgulas se deslocam e mudam o significado da expressão, sinto-me uma parábola. Tento defronte o espelho saber se eu existo ou se sou apenas um conto, sem valor poético ou métrica. Até então vivia, ou apenas sobrevivia, numa situação parnasiana. Vitrine que encanta e manequim que espanta. Sujeito indefinido que canta os ares da modernidade. Saudade? Do primeiro parágrafo onde não havia discordâncias e onde a síntese da inocência era clara e sincera.

Não há mais espaço, nem para o “ser ou não ser” Shakespeareano e nem para o “eterno enquanto dure” de Vinícius. Há apenas páginas em branco de um livro que deveras chamar-se vida.

Inspirado num conflito, a mim, revelado.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Barreira do "Eu"


A casca do ovo se rompeu. Enfim aproxima-se a, tão esperada, luz. Por mais que aquela cúpula territorial, segura e quente, tenha me sustentado por muito tempo agora chegou a hora de aceitar a mudança. O mesmo brinquedo que antes valia suspiros de alegria, agora de nada vale. O abraço amistoso já não é o suficiente. A necessidade de respirar novos ares leva-me a crer que a ruptura da insensível casca foi a melhor coisa que acontecera. Contudo nada mais sou além de um copo, bem servido, de puro medo. O desconhecido enfim chegou e arrebatou-me de uma maneira insana. Não pude ceder. Aqueles olhos atraentes, que esbanjavam subjetividade, mantinham os meus fixados de modo que minha pequena caverna se tornou pouco mais que um ponto de partida para um leque de caminhos ainda não conhecidos.

Ao se conhecer o destino cria-se uma sensação de segurança e o contrário gera o medo. Ao lidar com o medo consegue-se o autocontrole o que no fim irá gerar segurança. Mais o que seria o autocontrole? Seria ele saber decidir o que se quer ou aprender a não ceder às próprias vontades? Ao sair daquele ovo, onde vivi durante anos, confesso que me deparei com um grande ser antagonista: eu. Minhas vontades e meus valores se contradiziam e concorriam na determinação das minhas ações. Foi aí então que descobri que não era somente o que eu via, do lado de fora, que era novo. Eu também havia sido renovado. Quando tentei uma auto-analise constatei que eu era um estranho. Deparei-me novamente com o desconhecido e então senti medo daquele “Eu”. A falta de segurança e de previsibilidade das minhas atitudes e pensamentos, algumas vezes voluptuosos, obrigou-me a prestar atenção de verdade no que havia em meu interior. Sempre quis quebrar aquela casca impune, mas confesso que aguardei ações externas, numa tentativa de não conhecer o sentimento de culpa. Perdi muito tempo em busca de um ideal utópico de normalidade enquanto os que eu julgava “normais” se mostravam completamente loucos. Eu achava que conhecia o caminho do paraíso quando, na verdade, aquela casca tapava minha visão. Hoje enxergo de uma forma diferente. Não preciso de fatores externos e muito menos de jugos alheios para determinar o que sou. Agora já não me encanta ou surpreende a beleza e a magia do outro e sim beleza e a magia do iluminado reflexo no espelho.