Poeta
As vezes chego a pensar quão grande é a incapacidade do ser humano de compreender as coisas. Será que o coração bate verdadeiramente ou é apenas um impulso do cérebro (grande ser maquiavélico) que controla todo o corpo fazendo-o responder somente aos estímulos sugeridos por sua humilde arrogância. A mente pira! O coração é apenas uma simbologia poética, sua essência não mais é do que simples bomba sangüínea! Dar nome ao que é inominável é simplesmente neologismo e não inspiração! A confusão dos sentimentos não é mais do que um quarto mal arrumado, coisa que algumas pessoas permitem que aconteça periodicamente. Sem perceber nos conduzimos por caminhos indesejáveis desejando o que não se pode ter, outras vezes simplesmente seguimos deixando que o que se quer escorra pelo ralo. Ver o amor ser decapitado pelo outro, aquele do outro lado do espelho, e não fazer nada! O consciente numa eterna batalha com o inconsciente em busca de uma sanidade inexistente! É... As voltas que a mente dá podem ser manifestações do controle que deixamos que o reflexo impuro de nós mesmos exerça sabre o nosso peito! Então tentamos, inutilmente, ser poetas. Aquilo que era dor se transforma em rimas ricas e pobres deixando que o erudito se perca em meio à uma espécie de parnasianismo moderno que no fundo acaba sendo um expressionismo frustrado; isso acontece quando o objetivo se perde no lago negro que é o egocentrismo. O que era expressão da alma vira mero texto que objetiva agradar aleatoriamente. Aquele que sente, finge não sentir. Escreve o sentimento disfarçado de sentido figurado, e nas figurinhas do álbum da vida resplandece-se a amargura de não ser o que se é.